sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
às vezes passo dias sem cortar os pelos
deixo crescerem longos e cheios
depois penteio distraída
por entre os dedos, como um carinho recebido
cofiar é o verbo, para ser mais preciso
uma barba invertida
deixo ficar quase comprida
só para tirar tudo depois
corto as unhas
uma por uma
as deixo no sabugo
conto o tempo em grandeza de nudez
o tamanho dos cabelos
e cor da cicatriz
espero o suor evaporar embaixo do ventilador
tomo banho outra vez
sábado, 22 de dezembro de 2012
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
mantenho um tsuru vermelho perto da janela
gosto de deitar no chão do quarto
é bom pra coluna e pra cabeça
em dias brancos como hoje,
quando o céu parece inteiro uma nuvemsó
não se sabe quando começa ou onde termina
sinto infinito
estirada no chão duro
também não sei meus limites
sou como o céu
uma nuvem só
mantenho um tsuru vermelho perto da janela
(para que um tsuru fique pronto
você precisa inflar o corpo dele de ar
soprando por um buraquinho embaixo)
não fica pendurado como um móbile
mas apoiado na superfície do móvel
de asas abertas
em repouso, mas sempre pronto pra voar
o que me lembra o quarto arcano do tarot - O Imperador
um pé no chão e outro não
- não existe impulso de vôo sem solo firme
escuto uma música que eu gostaria de ter escrito
"i put my kite to fly, all i need is good wind"
imagino que é como estar onde as ondas quebram
esperando aquela boa
pra pegar um jacaré
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
o olho esquerdo treme
- são os nervos, ele diz -
no ritmo descompassado com que se batuca no teclado
ou que se palpita um coração doente
tenho sonhos cheios de medo
enquanto me canso das pessoas tenho medo
que elas se cansem de mim
primeiro
em dias como estes, quando se aprende a viver, é difícil lembrar de ser
vesti a roupa de manhã e esqueci de respirar, muitas vezes lavo os olhos antes mesmo que eles se abram por completo
também caminho sem olhar, quando os músicos entram no vagão do trem, finjo que não escuto.
pros poetas em frente a Biblioteca Nacional eu sempre digo não, depois sento no trabalho e escrevo poesia
deixo formar um vazio,
me pego no erro. a saudade nunca é falta que o outro faz, mas sim a que a gente deixar fazer
tenho medo de sonhar
cheia de culpa
- são os nervos, ele diz -
no ritmo descompassado com que se batuca no teclado
ou que se palpita um coração doente
tenho sonhos cheios de medo
enquanto me canso das pessoas tenho medo
que elas se cansem de mim
primeiro
( Ah, bruta flor, bruta flor. )
vesti a roupa de manhã e esqueci de respirar, muitas vezes lavo os olhos antes mesmo que eles se abram por completo
também caminho sem olhar, quando os músicos entram no vagão do trem, finjo que não escuto.
pros poetas em frente a Biblioteca Nacional eu sempre digo não, depois sento no trabalho e escrevo poesia
deixo formar um vazio,
me pego no erro. a saudade nunca é falta que o outro faz, mas sim a que a gente deixar fazer
tenho medo de sonhar
cheia de culpa
sábado, 29 de setembro de 2012
essa semana vi uma foto desse rapaz, muito bonzinho. estava todo arrumado, paletó e gravata e uma namorada bem arrumadinha do lado.
um quê de ficção
saindo da festa assim, como quem sai pra fumar um cigarro e já volta
nunca dei nada por ele, não
pensei sonhei flertei imaginei calculei desejei
nada nada, nem sei de onde saiu isso
de mim
mojitosss
botei o olho nele e sabia o que eu queria e foi só querer pra conseguir. não fiz nada demais, não pisquei, não sorri, foi mais fácil que pescaria em festa junina da igreja.
foi uma sorte ter trocado de calcinha antes de sair de casa. ah, gostou né? é, é bonita mesmo. que?? levar pra casa? nem pensar! rsss.
homem tem cada ideia.
sorriso bonito. pau também. fora isso, tão desajeitado quanto qualquer outro, mas vamos dar o desconto do medo de um flagra e da posição desconfortável na pia de inox. fato é
que não mudou nada na minha vida, não me senti depois
nem constrangida
estranho mesmo.
só me arrependo de ter perdido os brincos da minha avó. primeiro um, depois o outro. faziam conjunto com o colar. uma pena.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
lentes de contato
todos os dias tateio às cegas
as lentes de contato no banheiro
com calma e medo de errar
abro a caixinha e suponho
boiando
essas duas células,
membranas gelatinosas
responsáveis pela minha visão.
com soro nos olhos simulo
um drama
no espelho que julga minha atuação
chorando,
pareço mais uma aberração.
as lentes de contato no banheiro
com calma e medo de errar
abro a caixinha e suponho
boiando
essas duas células,
membranas gelatinosas
responsáveis pela minha visão.
com soro nos olhos simulo
um drama
no espelho que julga minha atuação
chorando,
pareço mais uma aberração.
poesia é feita de personaS
coragem de ser o que se é
assumir personagens, todos que me habitam
deixar eles falarem
e acreditar em seus discursos
acreditar até ser
a máscara que veste
falar é mentir, escrever é mentir
mas a negação da mentira não é a verdade
é silêncio
é Liv Ullman calada no meio da peça
- é covardia niilista,
fuga, esforço em vão
( quem sou eu pra dizer o que é vida e o que é teatro?)
só a Alma fala, põe a cara à tapa
se fode toda
e depois mostra a porra
Ingmar Bergman.
penso nele como
cada demônio desmembrado
memórias, vergonhas,medo
cada inveja e rancor
explícitos
a raiva e o pavor, tudo em close
um grande espelho de tudo aquilo que a luz não reflete
a gente mesmo
como a sombra da sombra
o que vale mais, o objeto ou a projeção?
estou cansada, continuo cansada, de tudo
que escrevo
quero mais que tudo na poesia
quero MUITO
"falo de quantidade e intensidade"
a luz rendada que entra pela cortina e a vontade de arrancar a pele
e os cabelos
como acordam, revoltos, assustando quem está ao lado
poesia maquiada com quem se deita
e amassada,
com quem se acorda
domingo, 23 de setembro de 2012
adoecer
"Para onde vai a minha vida e quem a leva?
Porque eu faço sempre o que não queria?
Que destino contínuo se passa em mim na treva?
Que parte de mim, que eu desconheço, é que me guia?"
é como passar para o corpo a carga
barra-pesada, energia ruim
que anda circulando na cabeça da gente
cada medo é um quilo
um grau
de febre que sobe
um tremelique, um sono
intranquilo
resfriado das tais chuvas
de todo ano dentro de mim, tempo bom, tempo ruim
sábado, 22 de setembro de 2012
não sei como nunca pensei nisso antes
estou cansada de tudo que escrevo
quero dizer que me canso de embelezar o pensamento
às vezes esqueço de vomitar
deixo virar mofo
aí perco um monte de poema, mofado
ás vezes penso em você e acho graça
acho você engraçado
mais ainda é pensar em você
não me esforço em entender
(as coisas são como são
e não é nossa culpa que sejam assim)
estou finalmente lendo Maquiavel e aprendendo um pouco sobre
realismo
- se realismo é chato até na pintura, imagina na política
fato é que não gasto mais tanta energia
luto menos
estou lendo Gandhi também
mas fica tranquilo, quando eu penso
é sempre com carinho
e poucas vezes uma palavra se encaixa
tão bem
tento não me culpar por sentir tanto afeto
(a gente sabe o preço que as coisas tem)
quase sempre consigo
eu futuco demais as minhas emoções
como os relevos da pele que eu catuco
de maneira doentia futuco
até virar casquinha
pra tirar depois e
deixar sangrar
até virar casquinha de novo
lá no fundo achei uma inveja
parecia ciúme, (in)felizmente?, era
inveja
da sua quilometragem, e da bagagem aí no porta-malas
mesmo achando que você não aproveita nada disso
que você faz tudo errado
mas, sobretudo, da hipóteses
de você precisar
menos de mim do que eu de você
nada que me tire o sono
não me lembro a última vez que perdi o sono
só mais um relevo na pele
que eu catuco no chuveiro
ou no ônibus
quero dizer que me canso de embelezar o pensamento
às vezes esqueço de vomitar
deixo virar mofo
aí perco um monte de poema, mofado
ás vezes penso em você e acho graça
acho você engraçado
mais ainda é pensar em você
não me esforço em entender
(as coisas são como são
e não é nossa culpa que sejam assim)
estou finalmente lendo Maquiavel e aprendendo um pouco sobre
realismo
- se realismo é chato até na pintura, imagina na política
fato é que não gasto mais tanta energia
luto menos
estou lendo Gandhi também
mas fica tranquilo, quando eu penso
é sempre com carinho
e poucas vezes uma palavra se encaixa
tão bem
tento não me culpar por sentir tanto afeto
(a gente sabe o preço que as coisas tem)
quase sempre consigo
eu futuco demais as minhas emoções
como os relevos da pele que eu catuco
de maneira doentia futuco
até virar casquinha
pra tirar depois e
deixar sangrar
até virar casquinha de novo
lá no fundo achei uma inveja
parecia ciúme, (in)felizmente?, era
inveja
da sua quilometragem, e da bagagem aí no porta-malas
mesmo achando que você não aproveita nada disso
que você faz tudo errado
mas, sobretudo, da hipóteses
de você precisar
menos de mim do que eu de você
nada que me tire o sono
não me lembro a última vez que perdi o sono
só mais um relevo na pele
que eu catuco no chuveiro
ou no ônibus
Assinar:
Postagens (Atom)