segunda-feira, 24 de setembro de 2012

poesia é feita de personaS


coragem de ser o que se é
assumir personagens, todos que me habitam
deixar eles falarem
e acreditar em seus discursos
acreditar até ser
a máscara que veste
falar é mentir, escrever é mentir
mas a negação da mentira não é a verdade
é silêncio
é Liv Ullman calada no meio da peça
- é covardia niilista,
fuga, esforço em vão
( quem sou eu pra dizer o que é vida e o que é teatro?)
só a Alma fala, põe a cara à tapa
se fode toda
e depois mostra a porra


Ingmar Bergman.
penso nele como
cada demônio desmembrado
memórias, vergonhas,medo
cada inveja e rancor
explícitos
a raiva e o pavor, tudo em close
um grande espelho de tudo aquilo que a luz não reflete
a gente mesmo
como a sombra da sombra

o que vale mais, o objeto ou a projeção?

estou cansada, continuo cansada, de tudo
que escrevo
quero mais que tudo na poesia
quero MUITO
"falo de quantidade e intensidade"
a luz rendada que entra pela cortina e a vontade de arrancar a pele
e os cabelos
como acordam, revoltos, assustando quem está ao lado
poesia maquiada com quem se deita
e amassada,
com quem se acorda


























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